O que é um FIP-IE? Entenda os fundos de infraestrutura 

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O FIP-IE, ou fundo de investimento em participações de infraestrutura, é um ativo que tem ganhado a atenção dos investidores nos últimos anos por conta de vários benefícios que ele traz.

Esse veículo tem isenção na distribuição de rendimentos para seus cotistas e também no ganho de capital. 

Mas o que é um FIP-IE?

O FIP-IE é um fundo de investimentos criado para investir em ativos de infraestrutura. 

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Esses fundos podem investir em ativos do setor elétrico (como geradoras de energia e linhas de transmissão), em saneamento, em rodovias, em portos, e até em aeroportos.

Esses fundos levantam dinheiro com investidores e depois usam esses recursos para adquirir esses ativos. 

Normalmente, estes fundos seguem duas estratégias: renda, na qual o objetivo é distribuir dividendos aos cotistas; e ganho de capital, na qual o objetivo é vender os ativos mais para frente por um valor maior do que o fundo comprou, ganhando nessa diferença. 

Origem

Os FIPs de infraestrutura foram instituídos em 2007 por meio de uma lei criada para estimular o desenvolvimento do setor de infraestrutura no Brasil, que ainda tem muitos déficits. 

Apesar disso, o mercado de FIP-IEs passou anos estagnado. 

Parte disso teve a ver com a crise de 2014 até 2016, que desestimulou os investimentos nesse setor e jogou a taxa de juros lá para cima. 

Foi só em 2017 que o setor começou a ganhar tração novamente e que alguns FIP-IEs começaram a surgir. 

Os FIP-IEs listados na Bolsa são mais recentes ainda. Os maiores deles começaram a aparecer em 2019, com a redução brutal da taxa básica de juros que o Brasil teve nesse período.

O mercado, no entanto, ainda é muito pequeno e está no início do seu desenvolvimento. 

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Restrições

Um dos problemas do FIP-IE é que, por enquanto, ele é um ativo restrito aos chamados investidores qualificados — aqueles que têm mais de R$ 1 milhão em investimentos.

A CVM estabeleceu essa regra como forma de proteger os investidores iniciantes. O órgão regulador tende a restringir o acesso a produtos que ele considera mais complexos e arriscados.

Há, no entanto, uma discussão aberta entre vários gestores e agentes desse mercado para liberar a compra dos FIP-IE para o investidor em geral.

Essa liberação seria extremamente importante para o crescimento da indústria, já que abriria o mercado para diversos investidores que hoje não têm acesso a ele. 

Vantagens e desvantagens

Um dos grandes atrativos dos FIP-IEs é que eles têm isenção tributária tanto no ganho de capital quanto na distribuição de dividendos.

Isso significa que um investidor que comprar esses ativos não vai ter que pagar nenhum imposto na hora de receber seus dividendos ou quando vender sua cota com lucro. 

A justificativa para esse benefício é estimular o desenvolvimento do mercado de infraestrutura no Brasil, que ainda tem um déficit enorme. 

As desvantagens dos FIP-IEs são três. A primeira, como já explicamos, é que por enquanto ele é restrito para o investidor qualificado. 

A segunda é que as cotas ainda tem uma liquidez muito baixa. Ou seja, as negociações desses ativos na Bolsa ainda são pequenas.

A terceira é que as distribuições de dividendos não são mensais, diferente dos fundos imobiliários. Nos FIP-IEs, as distribuições são feitas, normalmente, a cada trimestre. Apesar de parecer uma desvantagem para alguns, no final das contas dá na mesma. 

As distribuições dos FIP-IEs são trimestrais, mas em valores maiores. O importante para o investidor é olhar o dividend yield (entenda aqui) anual que esses fundos estão pagando. 

FIP-IEs listados

Há dois tipos de FIP-IEs: os listados na Bolsa de Valores e os que são de fechados. Isso vai depender da decisão do gestor na hora de lançar o fundo.

Hoje, já existem alguns FIP-IEs listados. Ou seja, é possível abrir o seu home broker e comprar cotas destes fundos da mesma forma que o investidor compra um fundo imobiliário ou uma ação. 

Alguns exemplos de FIP-IEs listados são:

XP Infra II

O XP Infra II (XPIE11) é um FIP-IE que investe apenas em ativos de energia. Ele é dono de algumas geradoras solar e de linhas de transmissão, por exemplo.

O foco desse fundo é a renda. Ou seja, ele compra esses ativos para receber sua geração de caixa e depois distribuir os recursos na forma de rendimentos. 

Como diz o nome, o gestor do XPIE11 é a XP Investimentos. O fundo foi criado em 2019. 

Vinci Energia

O Vinci Energia (VIGT11) é outro FIP-IE que investe em ativos do setor elétrico. 

Assim como o XPIE11, o Vinci Energia é dono de geradoras de energia renovável e de algumas linhas de transmissão. 

O VIGT11 também é voltado para a renda e foi criado em 2019. O fundo é gerido pela Vinci Partners, uma gestora independente focada em private equity (saiba o que é aqui).

XP Infra IV

O XP Infra IV é um FIP-IE com uma proposta diferente dos outros dois que falamos até agora. 

Ele não é listado na Bolsa e é voltado para o ganho de capital. 

O XP Infra IV comprou, por exemplo, os aeroportos Campo de Marte e Jacarepaguá com o objetivo de melhorar a operação dos dois ativos e depois vendê-los mais para a frente.

O fundo também é gerido pela XP e foi criado em 2022. 

BRZ Infra Portos

O BRZ Infra Portos (BRZP11) é outro fundo de infraestrutura com uma proposta diferente. Ele investe apenas em terminais portuários.

Hoje, o BRZP11 é dono de uma participação no Porto de Itapoá, um dos maiores do Brasil. 

O fundo recebe dividendos desse porto, na proporção de sua participação, e distribui parte dela para seus cotistas em uma estratégia de renda. 

Fundado em 2020, o BRZ é gerido pela BRZ Investimentos. 

Perfin Apollo Energia

Outro FIP-IE voltado para a renda e focado no setor de energia elétrica é o Perfin Apollo Energia (PFIN11).

O PFIN11 foi listado na Bolsa em 2020 e tem um portfólio de ativos de geração de energia renovável (solar e eólica), além de algumas linhas de transmissão de energia. 

A Perfin, uma casa independente focada em infraestrutura, é a gestora do fundo.

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