O que é o EV/EBITDA — e sua importância para os investimentos

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Junto com o múltiplo P/L (que explicamos aqui), o múltiplo EV/EBITDA é um dos mais usados por investidores para saber se uma empresa está cara ou barata. Mas o que é o EV/EBITDA? Qual sua importância para os investimentos?

Esse múltiplo mostra a relação do chamado enterprise value (EV) da empresa com o seu EBITDA dos últimos 12 meses ou a estimativa para o futuro.

Uma das vantagens do EV/EBITDA em relação ao múltiplo preço/lucro, é que ele exclui da conta as despesas que a empresa tem com suas dívidas, com impostos e com amortizações e depreciações — que podem ser muito altas e mascarar a comparação de uma empresa para a outra.

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Afinal, uma empresa de um mesmo setor pode ter uma despesa alta com amortização num determinado período, mas que é algo pontual e que não afeta o operacional da empresa. 

Essa despesa, no entanto, prejudicaria o lucro da companhia — e a colocaria numa desvantagem na comparação com outra empresa do mesmo setor.

Em outras palavras: ao excluir esses componentes é possível ter uma visão mais clara do preço da companhia em comparação apenas com sua performance operacional.

Dessa forma, é mais fácil comparar duas empresas do mesmo setor apenas levando em conta seu desempenho operacional.

O que é o EV?

Antes de mostrar como calcular o EV/EBITDA, e o que é esse múltiplo, é preciso entender o que é o EV.

O enterprise value (ou valor de firma, em português) de uma empresa nada mais é do que o valor de mercado que ela negocia hoje na Bolsa (o chamado equity value), somado com todas as dívidas líquidas que a empresa tem.

A fórmula seria a seguinte:

EV = valor de mercado + (dívida bruta – caixa)

O EV é muito usado para calcular o valor de uma empresa no momento de uma aquisição, por exemplo, já que, nesse caso, o comprador teria que assumir as dívidas da empresa adquirida também.

O que é o EBITDA?

Já o EBITDA é o lucro da empresa antes dela pagar os juros das dívidas, os impostos, e antes das despesas ‘não-caixa’ com a amortização e a depreciação dos ativos.

Para calcular o EBITDA é muito simples. Basta seguir essa fórmula abaixo:

EBITDA = lucro líquido + gastos com juros + impostos + depreciação + amortizações 

Ainda assim, a maioria das empresas de capital aberto já divulga o seu EBITDA nas divulgações trimestrais e anuais de resultado, facilitando muito o trabalho do investidor. 

Explicamos em detalhe o que é o EBITDA aqui.

Como calcular o EV/EBITDA

Depois que já descobriu o EV e o EBITDA da empresa, calcular o múltiplo EV/EBITDA é extremamente simples. 

Basta dividir o EV pelo EBITDA.

Veja a fórmula completa do múltiplo abaixo:

EV/EBITDA = (valor de mercado + dívida líquida) / (lucro líquido + gastos com juros + impostos + depreciação + amortizações)

Exemplo real

Para ficar ainda mais claro, vamos calcular o EV/EBITDA de uma empresa real: a mineradora Vale.

Em setembro de 2022, a Vale tinha um valor de mercado de R$ 300 bilhões e uma dívida líquida de R$ 28 bilhões. Sendo assim, seu enterprise value era de R$ 328 bilhões. 

Já seu EBITDA dos últimos 12 meses era de R$ 124 bilhões, segundo dados divulgados pela própria companhia.

Com esses números, a conta é simples:

EV/EBITDA = 328.000.000.000/124.000.000.000 = 2,6x

Nesse momento, a Vale está negociando, portanto, a um EV/EBITDA de 2,6x, um número bem baixo e que poderia indicar que ela está barata na Bolsa. 

Como olhar o resultado

Ainda que o múltiplo EV/EBITDA tenha algumas vantagens em relação ao P/L — e vice-versa — o ideal é olhar os dois múltiplos juntos quando se está fazendo o valuation de uma empresa. 

Dessa forma, o investidor consegue ter uma visão mais completa se aquela companhia está mesmo cara ou barata. 

Uma empresa que tenha um P/L baixo e um EV/EBITDA também baixo, por exemplo, provavelmente está barata na Bolsa — ainda que outras métricas precisem ser levadas em conta também.

O que é um EV/EBITDA saudável

O EV/EBITDA das empresas varia muito dependendo do setor. Alguns setores tendem a ter um múltiplo mais alto, enquanto outros naturalmente têm múltiplos menores. 

Assim como o P/L, no entanto, quanto mais baixo o múltiplo, melhor — já que isso mostra que a empresa está negociando a um preço mais próximo de seu EBITDA anual.

Tipicamente, os analistas consideram um EV/EBITDA que gire em torno de 10x saudável, já que historicamente as principais Bolsas de Valores do mundo negociaram em múltiplos EV/EBITDA próximos disso.

O S&P 500 (que reúne as 500 maiores empresas da Bolsa americana), por exemplo, negociou historicamente a um EV/EBITDA de 11x a 16x.

Ainda assim, é possível encontrar muitas empresas no Brasil negociando a múltiplos EV/EBITDA bem menores do que esses.

Em meados de 2022, por exemplo, a Petrobras estava negociando a um EV/EBITDA de cerca de 2,5x — e esse era um dos argumentos de analistas para mostrar que a ação estava barata. 

EV/EBITDA para frente

Muitos investidores também gostam de calcular o EV/EBITDA para frente, usando — em vez do EBITDA dos últimos 12 meses — as projeções para o EBITDA da companhia no ano seguinte, por exemplo, ou nos próximos 12 meses.

Para isso, os analistas usam suas próprias estimativas ou o consenso das estimativas de analistas que cobrem a empresa. 

Esse número pode ser encontrado em plataformas de informação para o mercado como a Bloomberg ou a Refinitiv.