Sergio Zimerman, um CEO “bom pra cachorro”

sergio zimerman

Sergio Zimerman, o fundador e CEO da Petz, é um dos empreendedores de maior sucesso do mercado pet. Ele é também um exemplo de perseverança e resiliência diante de múltiplos fracassos. 

Zimerman fundou a Petz em 2002 — curiosamente depois de ter sido rejeitado para abrir uma franquia da Cobasi — e a transformou na maior rede de produtos e serviços para animais de estimação do Brasil. 

Em setembro de 2020, ele fez o IPO da companhia, levantando mais de R$ 3 bilhões para financiar os planos de expansão de sua empresa. 

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Mas a trajetória de Sergio Zimerman não foi uma linha reta — e o empreendedor teve que passar por muitos altos e baixos antes do sucesso. 

Antes de abrir a Petz, ele chegou a ter vários outros negócios com uma característica em comum: todos acabaram indo para a falência.

A biografia de Sergio Zimerman 

Sergio Zimerman nasceu em 1966 e passou sua infância no bairro do Brás, uma região bem comercial de São Paulo.

Desde cedo, ele teve contato com o mundo do varejo, sendo incentivado por sua família a vender mercadorias na rua ou em frente de sua casa.

Aos 10 anos, ele fez um acordo com seu pai para revender produtos que ele comprasse de terceiros na lojinha que seu pai tinha no bairro. O negócio deu tão certo que em poucas semanas ele ganhou o salário que um funcionário da loja levaria um ano inteiro para receber. 

Aos 18 anos, ele resolveu tentar a sorte no empreendedorismo pela primeira vez. 

Na época, ele teve a ideia de abrir sua própria empresa de animação e eventos, usando os R$ 50 mil que ele havia ganho com o seguro de seu carro. O negócio, que ele criou junto com sua namorada, foi crescendo ano a ano e Zimerman chegou a fazer mais de 4.000 festas em cinco anos de empresa. No final, no entanto, a empresa acabou não indo para a frente.

O Super Brasil

Logo na sequência, ele abriu uma adega, que acabou virando um mercadinho, que foi transformado em uma loja de atacado. Esse negócio, que se chamava Super Brasil, chegou a ter mais de 600 funcionários e um faturamento mensal de R$ 15 milhões. Mas, outra vez, a empresa não deu certo. 

A falência começou quando o empreendedor percebeu que a empresa tinha em ativos metade do que ela tinha em passivos (dívidas). Nesse momento, Zimerman contratou uma consultoria para ajudá-lo a reestruturar o negócio, mas recebeu o diagnóstico de que o melhor a se fazer era procurar um advogado de falências.

Zimerman tentou ainda colocar de pé um plano de reestruturação, mas os boatos de que a empresa iria falir começaram a correr na rua e os fornecedores cortaram as entregas de vários produtos para a rede.

Em três meses, o negócio saiu de um faturamento mensal de R$ 15 milhões para apenas R$ 2 milhões. Logo depois, Zimerman teve que fechar a empresa.  

Zimerman se formou em administração pela UNIP e fez alguns cursos de extensão na Europa e nos Estados Unidos. Ele também tem um MBA em varejo pela FIA.

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Rejeitado pela concorrência

Um caso curioso da fundação da Petz é que Sergio Zimerman tentou abrir uma franquia da Cobasi antes de fundar sua rede.

No início dos anos 2000, o empreendedor ficou encantado com o modelo das lojas da Cobasi e teve a ideia de abrir uma franquia da rede na Zona Leste — onde ainda não havia nenhuma unidade.

Ele foi em uma das lojas e contou sua ideia para o gerente — mas recebeu um banho de água fria. O gerente disse que os fundadores da Cobasi não se interessavam por esse modelo e Zimerman não chegou sequer a ser atendido pelos empresários.

Com o orgulho ferido e a vontade de empreender no mercado pet, Zimerman acabou abrindo sua própria loja, que no início chamava Pet Center Marginal, e que deu origem a Petz.

Hoje, a Petz já é maior que a Cobasi tanto em faturamento quanto em número de lojas. 

Os fundadores da Cobasi, no entanto, negam essa história, que já foi contada algumas vezes por Zimerman. Segundo eles, Zimerman nunca os procurou diretamente e nenhum gerente de lojas os avisou sobre alguém interessado em franquear a rede.

De todo modo, eles dizem que o modelo de franquia não compensa no caso deles porque o investimento por loja da Cobasi é muito alto (em torno de R$ 3 milhões). 

Como Sergio Zimerman criou a Petz

O começo da Petz também não foi fácil. No primeiro dia em que Zimerman abriu sua primeira loja, que ficava na Marginal, nenhum cliente apareceu, levando o empreendedor a se questionar se havia tomado a decisão certa. 

Para piorar: no segundo dia, a loja tomou uma multa do Conselho Regional de Medicina Veterinária por não ter se registrado no CRMV. 

A saída de Zimerman foi pegar o resto do dinheiro que tinha para fazer publicidade, divulgando sua loja por meio de vídeos. Outra sacada inusitada: ele colocou um tigre na loja para os clientes tirarem fotos com ele.

A estratégia deu certo e a loja começou a bombar. Em nove meses, ela já estava no breakeven (dando lucro) e Zimerman começou a pensar na expansão do negócio. 

Em 2012, ele já havia aberto 27 lojas Petz e atingido um faturamento de mais de R$ 200 milhões, tornando-se uma das maiores empresas do setor. 

No ano seguinte, Zimerman deu um dos passos mais importantes da história da empresa: fez uma rodada de investimentos com a gestora americana de private equity Warburg Pincus. 

A Warburg Pincus injetou algumas centenas de milhões de reais no caixa da Petz, tornando-se o controlador da empresa com 50,1% do capital.

Zimerman disse em algumas entrevistas que optou por vender o controle do negócio porque teve medo que a empresa tivesse o mesmo destino que seus negócios anteriores. 

Segundo ele, era melhor ter 49% de um negócio saudável e que crescesse, do que 100% de um negócio que poderia dar errado.

Com o dinheiro da gestora, Zimerman acelerou ainda mais a expansão da rede, abrindo dezenas de lojas nos anos seguintes. 

O IPO da Petz

Outro marco importante para a empresa foi seu IPO na Bolsa de Valores, em 2020.

A Petz levantou R$ 3 bilhões vendendo ações para investidores. No IPO, a empresa foi avaliada em mais de R$ 5 bilhões e a Warburg Pincus vendeu boa parte de sua participação (o que é comum para esse tipo de gestora, que busca o retorno de seus investimentos em eventos como o IPO).

Com o dinheiro da oferta, a Petz acelerou ainda mais o seu crescimento, assumindo com folga a liderança do setor de produtos para pets. 

Hoje, a empresa também criou uma vertical de serviços, com várias clínicas veterinárias e hospitais para pets espalhadas pelo Brasil. 

Nada mal para um empresário que quebrou duas vezes e começou do zero.