Lírio Parisotto, o empresário investidor

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Lírio Parisotto é um dos homens mais ricos do Brasil, com uma fortuna estimada pela revista Forbes em mais de US$ 2 bilhões.

Ele é também uma das figuras mais respeitadas entre os investidores da Bolsa de Valores, junto com Luiz Barsi, que segue uma filosofia de investimentos semelhante à dele.

Mas como o empresário e investidor acumulou essa riqueza? Qual a história de vida de Lírio Parisotto? E qual sua filosofia de investimentos?

Neste artigo, explicamos tudo sobre Lírio Parisotto, um dos maiores investidores do Brasil.

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Biografia

Lírio Albino Parisotto nasceu na pequena cidade de Nova Bassano, em Caxias do Sul, no interior do Rio Grande do Sul. 

A cidade tem pouco mais de 100.000 habitantes e é extremamente dependente do agronegócio.

Parisotto nasceu no dia 18 de dezembro de 1952 e passou a infância e adolescência ajudando seus pais na fazenda da família.

Aos 14 anos saiu de casa e se mudou para um seminário, onde quase virou padre. Aos 18, foi estudar medicina na Universidade de Caxias do Sul.

Parisotto se formou médico e fez residência em Porto Alegre, mas acabou nunca exercendo de fato a profissão. Ainda no meio da faculdade ele abriu um comércio de eletroeletrônicos, o Audiolar, e quando saiu da faculdade decidiu se dedicar ao negócio.

Em 1987, ele vendeu sua loja para a Lojas Arno (que depois foi adquirida pela Magazine Luiza). Um ano depois, fundou a Videolar — o negócio pelo qual ele é conhecido até hoje.

Lírio Parisotto, o empresário 

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Imagem: Divulgação/Manual do Financês

A grande virada de chave na vida de Lírio Parisotto e o início de fato de sua carreira como empresário foi a fundação da Videolar, em 1988.

A empresa, fundada por ele e outros sócios, foi uma das pioneiras na fabricação de fitas de videocassete no Brasil, que eram uma grande inovação naquela época.

Parisotto teve a ideia de produzir fitas VHS no Brasil depois de uma visita que fez à Sony, no Japão. Ele ganhou a viagem como prêmio pelo destaque de vendas da Audiolar, um pouco antes de vender a loja.

O negócio evoluiu junto com a tecnologia e a Videolar chegou a fabricar disquetes, CDs, DVDs, discos de blu-ray, além dos estojos que armazenam esses produtos e de tampas.

Em 2002, a Videolar diversificou seu negócio com a construção de uma fábrica de poliestireno na Zona Franca de Manaus. O objetivo era atender a demanda da própria Videolar, que usava a resina nos estojos das mídias, além da demanda de alguns clientes da região.

Ainda assim, a fábrica existe até hoje, e tem uma produção anual de cerca de 150.000 toneladas.

A compra da Innova

Outro marco em sua trajetória como empresário foi a compra em 2014 da Innova, uma petroquímica que pertencia à Petrobras e que também fabrica poliestireno.

Parisotto comprou a Innova com capital próprio e da Videolar, dando origem a Videolar-Innova.

A transação foi fruto de um namoro antigo. Parisotto negociava uma fusão entre os dois negócios desde 2005, mas não tinha tido oportunidade de fechar o negócio.

A aquisição foi fechada por US$ 500 milhões, mas passou por um imbróglio gigantesco.

Em 2014, o CADE, o órgão antitruste do Brasil, havia aprovado a transação sem restrições. Em abril de 2021, no entanto, ele voltou atrás de sua decisão e pediu que a Videolar devolvesse o ativo à Petrobras argumentando que ela não havia cumprido o acordo de controle de concentração (que exigia que fosse mantido um determinado nível de produção de poliestireno).

Parisotto recorreu na Justiça e o CADE acabou concordando em manter a transação com algumas condições.

O órgão pediu que a Videolar assinasse um novo acordo de concentração e cobrou uma multa de US$ 9 milhões.

Lírio Parisotto, o investidor

Em paralelo a sua carreira de empresário, Lírio Parisotto sempre teve uma atuação forte como investidor da Bolsa de Valores.

Sua atuação na Bolsa começou cedo. Aos 18 anos, ele investiu pela primeira vez no mercado de ações, mas perdeu dinheiro (o equivalente a um fusca na época).

10 anos depois, em 1980, ele foi se aventurar de novo na Bolsa — e novamente saiu no prejuízo. Dessa vez, ele entrou com US$ 500 mil e teve vender os ativos por US$ 200 mil depois porque precisou do dinheiro — acumulando um prejuízo de US$ 300 mil.

Nas duas vezes, ele disse que seu maior erro foi ter entrado no pico do mercado, quando os preços das ações estavam muito valorizados.

No início da Videolar ele voltou novamente à Bolsa — e dessa vez ganhou dinheiro. Investiu US$ 2 milhões de dólares em ações e multiplicou esse capital por 4 vezes, usando os ganhos para investir em seu negócio.

Mas a trajetória de investidor de Parisotto começou mesmo em 1998, quando ele abriu o Geração Futuro L Par FIA, um fundo exclusivo que ele usa até hoje para investir em ações.

O fundo tem uma carteira relativamente concentrada (são cerca de dez empresas) e vem dando um retorno bem acima da média do mercado. Desde o início do fundo até o final de 2021, por exemplo, o fundo rendeu mais de 20% ao ano, bem acima do Ibovespa.

Uma das ações que ele investe é a petroquímica Braskem.

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Filosofia de investimentos 

Parisotto já deixou claro em várias entrevistas sua filosofia de investimentos, que consiste no value investing e no buy and hold.

Abaixo, alguns dos mandamentos de investimentos de Lírio Parisotto.

Não compre IPO. Para o investidor não faz sentido investir em IPOs, porque os bancos jogam o preço para cima e, em geral, se perde dinheiro.

Gire pouco a carteira. Parisotto sempre diz que o investidor não deve ficar girando a carteira. O ideal é analisar bem a empresa, comprar e depois ficar com a ação por anos.

Baixa concorrência e bom fluxo de caixa. Para ele, esse é o perfil ideal de empresa, já que essas características tornam essas companhias protegidas.

Lucro, lucro e lucro. Sempre compre empresas que deem lucro. Afinal, uma empresa com lucro dificilmente quebra.

Boas e baratas. Além de boas empresas, Parisotto diz que é fundamental comprar empresas baratas, que estejam negociando com descontos em relação a seu valor justo.

Timing é fundamental. Outra de suas filosofias é não se deixar levar pela maré. Ou seja, não se desesperar na baixa — e ter sangue frio para comprar — e não se animar demais nas altas, comprando em excesso.

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