IPO: o que é, como funciona e por que fazer 

ipo o que é

O IPO (oferta pública inicial) é o processo no qual uma empresa de capital privado vende ações pela primeira vez ao público — passando a ser listada em uma Bolsa de Valores, onde essas ações passarão a ser negociadas diariamente. 

O IPO é um processo complexo, que normalmente é feito por empresas que já estão em um estágio mais maduro de desenvolvimento. 

Ainda que muitas empresas possam crescer muito sem recorrer a ele, o IPO é muito importante para o desenvolvimento dos negócios — já que dá acesso a uma fonte de capital muito interessante. (Vamos discutir os benefícios do IPO mais embaixo).

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O que muda com o IPO

Antes do IPO, a empresa normalmente tem em seu quadro acionário apenas alguns poucos investidores: desde os fundadores, amigos e família até fundos de venture capital e private equity.

Depois de fazer o IPO, ela passa a ter centenas de milhares de investidores em sua base acionária — além de ter que cumprir uma série de exigências do órgão regulador do mercado. No Brasil, esse órgão regulador é a Comissão de Valores Mobiliários (CVM); nos Estados Unidos, é a SEC.

Essas exigências vão desde a obrigação de publicar seus resultados para o público todo o trimestre, até questões ligadas à governança corporativa da empresa. Companhias listadas na Bolsa precisam ter conselhos de administração e incluir membros independentes, por exemplo.

Essas regras vão depender do nível em que a empresa está listada. No Brasil, há três níveis principais: o Nível 1, o Nível 2 e o chamado Novo Mercado (que tem as maiores exigências em termos de governança).

Como é feito

Para fazer um IPO, as empresas contratam bancos de investimento que vão estruturar a oferta, apresentar à companhia aos investidores (em um processo conhecido como roadshow) e negociar o preço em que cada ação vai ser vendida.

O valor da ação no IPO é definido em um processo conhecido como bookbuilding, em que os bancos vão formando uma espécie de livro com a demanda dos investidores e até que preço eles estão dispostos a pagar.

Com base nisso, é definido o valor em que a oferta vai sair e quanto a companhia vai conseguir captar com o IPO.

Por que fazer um IPO

Basicamente, o IPO é uma forma das empresas levantarem recursos para financiar seus planos de crescimento, pagar dívidas ou comprar algum concorrente. Ele é também um caminho para os acionistas da companhia conseguirem vender todas ou parte de suas ações — embolsando dinheiro.

Além de ser uma forma de levantar recursos, o IPO é também uma validação do negócio da empresa: uma companhia listada passa a ter uma credibilidade maior do que uma que ainda não é pública.

Isso acontece porque essas empresas passam a ficar constantemente sob o escrutínio dos investidores. Como companhias públicas, elas são obrigadas por lei a divulgar trimestralmente seus resultados e qualquer fato que seja relevante ao mercado — por exemplo, uma aquisição ou investimento.

Além disso, do ponto de vista do cliente, uma empresa listada na Bolsa passa uma confiança e credibilidade maior — já que normalmente apenas empresas mais maduras e sólidas conseguem fazer IPO.

Outro benefício de fazer um IPO é passar a ter acesso a essa fonte de financiamento — já que as empresas listadas podem fazer outras ofertas de ações depois (chamadas de follow-on).

Há ainda um terceiro benefício importante: ao ter suas ações negociadas na Bolsa, as empresas passam a ter uma moeda de troca relevante para futuras aquisições. 

Isso acontece porque elas vão poder oferecer suas ações como parte do pagamento dessas aquisições — e como essas ações têm uma liquidez boa (é só vender na Bolsa) elas têm um valor maior do que uma ação de uma empresa privada.

Tipos de oferta

Há dois tipos de ofertas em um IPO: a primária, que é quando o dinheiro da oferta vai para o caixa da empresa; e a secundária, quando o dinheiro vai para um ou mais acionistas da companhia. 

Na oferta primária, a empresa emite novas ações e as vende para novos investidores, com a participação dos acionistas anteriores sendo diluída. 

Isso acontece porque a empresa vai passar a ter mais ações emitidas.

Vamos pegar um exemplo: imagine um investidor que tem 100 ações de uma empresa que tem 1.000 ações emitidas. A participação desse acionista é de 10%.

Se a empresa emitir mais 500 ações, esse investidor vai ter as mesmas 100 ações de uma empresa que tem 1.500 ações emitidas — uma participação de 6,67%.

Já na oferta secundária, não são emitidas novas ações: a venda é feita de ações que já existiam, que estavam nas mãos dos fundadores ou de acionistas que entraram no capital quando a empresa ainda era privada. 

A história dos IPOs

Os IPOs já existem há centenas de anos no mercado e o primeiro IPO moderno foi feito pelos holandeses.

Ainda no século 16, o país europeu foi palco da oferta pública inicial da Dutch East India Co., uma empresa que teve por muitos anos o monopólio da negociação comercial com a Índia.

Basicamente, essa empresa comprava produtos como pimenta da Índia e levava em navios até a Europa, onde vendia para os europeus.

A Dutch East foi fundada em 1602 e fez seu IPO na Bolsa de Amsterdam, que também foi a primeira do mundo a ser criada.

Na época, a empresa fez seu IPO para conseguir recursos para financiar suas viagens até a Índia — um investimento que era muito alto e arriscado (já que os navios podiam afundar nas viagens e nunca mais voltar com as mercadorias).