Venture capital (ou capital de risco, numa tradução livre) é um tipo de investimento focado em empresas de capital fechado e que ainda estão em estágios bem iniciais de maturidade (conhecidas como startups).
Nesse tipo de investimentos, fundos ou investidores aportam capital nessas empresas com o objetivo de ajudá-las a crescer rápido para depois vender sua participação com um lucro grande.
Com isso em mente, os investimentos de venture capital são feitos sempre em empresas que os investidores acreditam que tem um grande potencial de crescimento.
Normalmente, essas empresas são do setor de tecnologia ou de setores de alto crescimento como saúde e finanças.
O que é venture capital
Como o investimento é feito em empresas ainda muito pequenas — e cujo modelo de negócios ainda não se provou — o venture capital é um investimento de altíssimo risco.
Por isso, os fundos de venture capital normalmente montam um portfólio com dezenas de startups diferentes para mitigar o risco individual de cada negócio.
A chance de uma dessas empresas dar muito certo é baixa. Mas, quando isso acontece, o retorno é tão alto que ele compensa as potenciais perdas que o investidor terá com as outras empresas.
Exemplo prático
Vamos pegar como exemplo um fundo de venture capital com R$ 100 milhões investidos em 20 startups diferentes (R$ 5 milhões em cada).
Se duas delas derem retornos espetaculares (uma de 30x o capital investido e outra de 20x o capital investido, por exemplo), e todas as outras forem à falência, o fundo terá dado um bom retorno para seus cotistas.
Isso acontecerá porque os R$ 5 milhões investidos nessas duas startups que deram retornos enormes vão se transformar em R$ 150 milhões e R$ 100 milhões. Já os R$ 5 milhões investidos em cada uma das 18 outras empresas vai virar zero.
No consolidado, o fundo terá transformado os R$ 100 milhões iniciais em R$ 250 milhões, um retorno de 2,5 vezes.
De forma bem simplificada, a lógica do venture capital é essa: buscar retornos fora da curva em algumas startups que compensam a perda em outras.
Estágios do venture capital
O investimento de venture capital pode ser feito em vários estágios da vida de uma startup.
Normalmente, eles são divididos em sete estágios de investimento, que vamos explicar abaixo:
Pré-semente e semente
O investimento pré-semente (pre-seed em inglês) e semente (seed) são os primeiros aportes que a startup recebe. Em português, esse tipo de investimento também é chamado de investimento-anjo.
Nesse estágio, a startup ainda está bem no começo — muitas vezes ainda nem saiu do papel — e os investidores estão apostando mais no empreendedor e em seu discurso do que na empresa em si.
Nesse estágio os valores do investimento costumam ficar entre R$ 300 mil a R$ 5 milhões.
Série A
O investimento de Série A acontece quando a startup já está operando e já está gerando alguma receita com seu negócio. Ainda assim, ela ainda está em estágio bem inicial do negócio — e os riscos do investimento ainda são altos.
Os investimentos nesse estágio ficam entre R$ 5 milhões e R$ 40 milhões.
Série B
Na Série B, a startup normalmente já está com seu modelo de negócio comprovado, já tem um portfólio de clientes interessante e já começou a gerar uma receita expressiva.
Ainda assim, ela tipicamente ainda não dá lucro e precisa de recursos de investidores para continuar crescendo.
A Série B já costuma ser feita com valores bem mais altos, superando os R$ 40 milhões.
Série C em diante
De Série C em diante os investimentos já somam valores bem altos (que ultrapassam os R$ 100 milhões) e são feitos em startups que já atingiram um nível de maturidade (e de receitas) bem relevante.
Esses investimentos são feitos por fundos de venture capital conhecidos como ‘late stage’, que investem em startups em estágios mais maduros.
As startups podem captar diversas rodadas até fazer seu IPO — abrindo seu capital na Bolsa de Valores — ou até serem vendidas para outra empresa.
Mas é muito raro uma startup passar da Série F, ainda que isso já tenha acontecido algumas vezes.
O banco digital Nubank, por exemplo, chegou a fazer uma rodada de Série G em 2021 antes de fazer o seu IPO na Nasdaq.
História do venture capital
O venture capital como uma indústria só começou realmente depois da Segunda Guerra Mundial, nos Estados Unidos.
Georges Doriot, um professor da escola de negócios de Harvard, é considerado como o “pai do venture capital.”
Em 1946, ele criou uma empresa chamada American Research and Development Corporation (ARD), que levantou US$ 3,5 milhões para investir em startups que comercializassem tecnologias desenvolvidas durante a Segunda Guerra.
A ARD investiu, por exemplo, em uma empresa que queria usar a tecnologia de raio-X para o tratamento do câncer.
A ARD investiu US$ 200 mil nessa empresa — e esse valor se transformou em US$ 1,8 milhão no IPO dessa companhia em 1955. Esse é um retorno de quase 10 vezes o capital investido.
Venture capital no Brasil
Apesar de já ser um investimento muito comum nos Estados Unidos há décadas, o venture capital só começou a surgir com mais força no Brasil nos últimos anos.
Foi a partir de 2019, quando a taxa básica de juros do Brasil começou a cair para níveis recordes, que a indústria de venture capital começou a ganhar tração no País.
A partir desse ano muitos fundos começaram a entrar no Brasil, colocando bastante dinheiro para financiar o crescimento de empresas de tecnologia.
O resultado: muitas startups de sucesso surgiram no Brasil, com algumas delas chegando a ser avaliadas em bilhões de dólares. Alguns exemplos bem conhecidos são o Quinto Andar, a Loft, a Creditas e o Nubank, que fez o seu IPO na Bolsa americana em 2021.
Não é que antes disso não existissem fundos de venture capital ou algumas startups no Brasil. Eles já existiam há anos.
Mas a verdade é que havia muito pouco capital sendo destinado para essa indústria, que nunca havia conseguido se desenvolver de fato.