Quem investe na Bolsa de Valores ou no mercado financeiro certamente já se deparou alguma vez com os termos ‘investidor qualificado’ e ‘investidor profissional’.
Esses termos não são elogios, mas sim designações técnicas da CVM — a agência reguladora do mercado de capitais — para um tipo de investidor específico, que tem direitos e obrigações diferentes dos demais investidores.
Esses investidores são classificados basicamente com base na quantidade de recursos investidos que eles têm. Com base nisso, a CVM entende que eles têm mais conhecimento de mercado e capacidade financeira para absorver perdas.
Por conta disso, a CVM permite que esses investidores tenham acessos a alguns tipos de investimento que os demais investidores, os chamados investidores de varejo, não tem.
O que é um investidor qualificado
O investidor qualificado, na definição da CVM, é aquele que tem mais de R$ 1 milhão investidos.
Isso significa que para ser um investidor qualificado você precisa ter esses recursos em algum produto financeiro ou na conta bancária, não basta ter um patrimônio de R$ 1 milhão, por exemplo, com uma casa ou em carros.
Também pode ser considerado um investidor qualificado os investidores que tenham algumas certificações específicas aprovadas pela CVM e que atestam seu conhecimento do mercado financeiro.
Como falamos antes, a grande vantagem de ser classificado como investidor qualificado é que você passa a ter acesso a alguns ativos que os investidores de varejo não têm permissão de investir.
Um desses ativos são os FIP-IEs, os fundos de investimento em infraestrutura que são listados na Bolsa e que investem em ativos como parques solares e eólicos, portos e aeroportos.
Esses fundos têm crescido nos últimos anos, mas a CVM considera que eles embutem um risco maior e, portanto, só podem ser acessados por investidores qualificados e profissionais.
Até pouco tempo, as BDRs (saiba mais nesse link) também eram restritas apenas aos investidores qualificados. Mas isso mudou em 2020, com uma nova decisão da CVM a respeito desse tema.
O que é um investidor profissional
O investidor profissional é uma classificação ainda maior do que o investidor qualificado. Segundo a CVM, o investidor profissional é aquele que tem mais de R$ 10 milhões investidos em produtos financeiros.
No caso do investidor profissional, o benefício é o mesmo: ter acesso a produtos que o qualificado e o de varejo não podem investir.
Também é considerado investidor profissional os fundos de investimento, bancos, entidades abertas e fechadas de previdência, agentes autônomos, clubes de investimento e seguradoras.
Segundo a regulação da CVM, todo investidor profissional também é considerado um investidor qualificado, tendo acesso aos mesmos benefícios e obrigações.
Os riscos de ser um investidor qualificado e profissional
O único risco de ser um investidor qualificado e profissional é que você tem acesso a produtos que, na maioria das vezes, não tem muita cobertura de analistas e de bancos. Ou seja, há poucas informações e análises sobre eles que te ajudem a respaldar sua decisão de investimento.
Além disso, esses produtos em geral têm um risco maior, que é justamente o que faz a CVM restringir eles apenas aos investidores qualificados e profissionais.
Por conta disso, é preciso ter bastante cuidado e analisar bem antes de investir nesses produtos.
Como se tornar um investidor qualificado
Para se tornar um investidor qualificado o processo é relativamente simples. Depois que você já atende os critérios para ser um basta fazer uma declaração e enviar ela para a CVM.
Na maioria das corretoras, essa declaração pode ser feita online, preenchendo um documento e assinando de forma digital.
Posso me declarar qualificado sem ser?
Um ponto que muitos investidores questionam é se é possível se declarar um investidor qualificado sem realmente ter os recursos que o fariam se qualificar como tal.
A resposta é que sim.
Em tese, é possível fazer isso, já que a declaração de investidor qualificado é feita de forma simples, em geral preenchendo e assinando um documento nos sites das próprias corretoras, e não há uma fiscalização ativa da CVM em relação a isso.
A grande questão é que, sem ter mais de R$ 1 milhão investidos, talvez não faça muito sentido você buscar investir nos ativos que são restritos a esses investidores — dado o maior grau de risco e o conhecimento necessário para isso.