Cesar Paiva, o fundador e gestor de Real Investor, já foi chamado do “Warren Buffett brasileiro” e do “Oráculo de Londrina”.
Os apelidos fazem referência a seu estilo de investimento — muito calcado na estratégia de value investing — e a sua origem, a cidade de Londrina, no Paraná.
O gestor ganhou fama depois de algumas entrevistas que deu na mídia, e pelo desempenho positivo de seu fundo de ação.
Com a notoriedade, sua gestora, a Real Investor, conseguiu levantar uma montanha de dinheiro e captar outros fundos além de seu veículo de ações.
Hoje, a Real Investor tem mais de R$ 3 bilhões em ativos sob gestão, divididos em vários fundos diferentes.
Mas quem é Cesar Paiva? Qual a história do “Warren Buffett brasileiro”?
A história de Cesar Paiva
Cesar Paiva nasceu em Londrina, no Paraná, em 1983.
Filho de um agrônomo com uma médica, Paiva viveu a vida inteira na cidade e começou a se interessar por dinheiro já na juventude. Desde os 10 anos ele gostava de juntar dinheiro e preferia ganhar aplicações financeiras no lugar de presentes.
O gestor se formou pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) em administração de empresas e fez dois MBAs — em Finanças, Controladoria e Auditoria e em Gestão Empresarial, ambos pela FGV.
O gestor começou a investir em ações com 17 anos depois de ficar fascinado por Warren Buffett. Antes de entrar na faculdade, ele foi pesquisar a lista dos homens mais ricos do mundo. O primeiro, Bill Gates, descartou porque não gostava de programação.
Mas, ao pesquisar sobre o segundo (Warren Buffett), Paiva se encantou com sua história e viu que o caminho para a riqueza era investir em ações.
A carreira de Cesar Paiva
Paiva fundou a Real Investor em 2008 depois de trabalhar alguns anos em bancos e corretoras. Ele passou, por exemplo, pelo Bradesco, onde trabalhou como bancário em Londrina.
Ele também trabalhou na Corretora Finabank, onde atuou em São Paulo na mesa de operações.
Nenhum dos dois trabalhos lhe agradou. No primeiro, era obrigado a vender produtos que não acreditava para seus clientes. No segundo havia um foco muito grande na corretagem e na especulação de curto prazo, duas coisas que ele nunca acreditou.
Antes de fundar a Real Investor, ele também trabalhou como agente autônomo de investimentos, atendendo clientes em sua cidade natal. Mas, foi só quando abriu a Real Investor que ele se encontrou de verdade.
Estratégia de investimento
Cesar Paiva é um adepto do value investing (ou investimento em valor, em uma tradução livre).
Essa escola de investimentos — seguida por grandes gestores como Warren Buffett e Benjamin Graham — acredita que a melhor forma de investir na Bolsa de Valores é buscar ativos que estejam negociando com desconto em relação ao seu valor justo.
Para isso, esses gestores calculam o valor justo de uma ação usando várias métricas como o fluxo de caixa descontado e os múltiplos de valuation e depois comparam com o preço que a empresa está negociando na Bolsa.
A ideia então é esperar o preço convergir para o valor justo.
Paiva também já disse algumas vezes que prefere investir de Londrina — longe da Faria Lima e do Leblon (onde ficam boa parte das gestoras) — para não ser contaminado pelos ruídos e humores do mercado, que acabam atrapalhando o processo de investir.
Ele também já disse algumas vezes que não gosta de algumas modinhas do mercado financeiro, como o setor de tecnologia.
Acima da média — e com margem de segurança
A ideia de Paiva é achar empresas que sejam acima da média. Ou seja, empresas que deem ótimos resultados, que tenham boas perspectivas de crescimento e que tenham retornos sobre o capital investido acima da média, um endividamento baixo e uma gestão capaz de gerar valor.
A empresa também precisa gerar lucros e dividendos para seus acionistas e, obviamente, estar negociando a um preço descontado. Afinal, para gerar valor é preciso comprar a um bom preço.
Outro ponto muito falado por Paiva — e que também vem de seus aprendizados com Warren Buffett — é investir sempre com uma margem de segurança.
A margem de segurança é quando a ação negocia com uma diferença significativa em relação a seu valor justo, de forma que mesmo que os resultados acabem vindo piores do que o projetado pelo gestor, o investimento ainda assim valha a pena.
O gestor também busca operar com uma carteira diversificada em ações e setores e nunca opera alavancado (tomando dinheiro emprestado). Outra estratégia é ter sempre uma parcela do capital em caixa, o que permite aproveitar oportunidades de quedas bruscas no mercado.
A ideia com essa estratégia é ter capital disponível para comprar ações a preços muito baixos quando há uma queda muito grande e rápida do mercado de ações — por exemplo, durante as crises de 2008 e durante a pandemia.
A posição em caixa também amortece um pouco a queda da carteira, permitindo que ela não caia tanto nesses momentos de stress.
Leia mais >> Como investir na Bolsa de Valores: o guia completo
A Real Investor
Cesar Paiva fundou a Real Investor em 2008 como um clube de ações — uma estrutura mais simples e com menos exigências que um fundo de investimentos.
Foi só cinco anos depois que ele transformou o clube em um fundo, criando de fato sua gestora.
Hoje, a Real Investor tem mais de R$ 3 bilhões em ativos sob gestão divididos em três vários fundos diferentes e em algumas carteiras administradas para clientes.
O principal deles é o Real Investor FIC FIA BDR Nível I, que é focado apenas em ações e que nasceu do clube de investimentos.
Há ainda o Real Investor FIC FIM, um fundo multimercado que investe com uma estratégia de Long&Short; e o Real Investor 70 Previ FIM, um fundo de previdência multimercado que investe em ações principalmente, mas que aloca também em outras estratégias.
A Real Investor gere ainda o Real Investor Alocação FIM e o Real Investor Imobiliário FIC FIM, que investe em ativos imobiliários.
As carteiras administradas representam cerca de metade do capital da Real Investor.
Uma curiosidade é que o nome Real Investor foi uma homenagem ao livro O Investidor Inteligente, de Benjamin Graham.
Nesse livro, o pai do value investing explica a diferença entre um investidor verdadeiro, que só investe depois de uma análise profunda da empresa, e o especulador.