Muita gente tem dificuldade para entender a diferença entre uma empresa privada e uma pública — e há bastante confusão em torno desses dois conceitos.
Mas a verdade é que eles são relativamente simples.
Como diz o nome, empresas privadas são aquelas que ainda têm o seu capital privado — ou seja, nas mãos de seus fundadores, executivos ou de um grupo pequeno de investidores privados (como fundos de venture capital e private equity).
Já as empresas públicas são aquelas que já fizeram IPO (saiba o que é um IPO neste link) e, portanto, tem o seu capital público — pulverizado nas mãos de milhares de acionistas diferentes que vão ter direito a receber parte dos lucros dessa companhia e a opinar sobre suas decisões (na proporção de suas participações, obviamente).
Benefícios de ser pública
Um dos principais benefícios de ser uma empresa pública é ter acesso mais fácil a fontes diferentes de capital.
Se uma empresa pública precisar de dinheiro para financiar seu crescimento, por exemplo, ela pode facilmente emitir novas ações e vender para os investidores na Bolsa de Valores.
Empresas públicas também têm mais facilidade para conseguir emitir títulos de dívida, como debêntures, e para acessar empréstimos com bancos.
Outra vantagem de ser uma empresa pública é a credibilidade que isso passa ao mercado (inclusive a potenciais clientes).
Como essas empresas precisam seguir uma série de regras estipuladas pelo órgão regulador do mercado (a CVM no Brasil), elas acabam passando a imagem de serem mais confiáveis e transparentes.
Além disso, muita gente enxerga empresas listadas na Bolsa como mais sólidas financeiramente — o que não necessariamente é verdade.
Leia também >> IPO: o que é, como funciona e por que fazer
Empresa privada
Para ficar claro, empresas privadas também podem vender parte de suas ações para financiar seu crescimento ou buscar financiamentos com bancos ou emissões de dívidas.
A grande diferença é que essas empresas estão limitadas a um número limitado de potenciais investidores (basicamente fundos).
Além disso, suas ações têm uma atratividade menor do que as ações de empresas públicas.
Isso acontece porque as ações de uma empresa privada tem uma liquidez muito menor.
Em outras palavras: é muito mais difícil para um investidor que compra ações de uma empresa privada conseguir vendê-las depois do que para um investidor de uma empresa pública (que precisa apenas abrir sua corretora e colocar a ordem de venda.)
Regulação e escrutínio
Apesar dos benefícios, ser uma empresa pública também tem suas desvantagens.
Como já falamos antes, essas empresas precisam seguir uma série de regras estipuladas pelo órgão regulador, o que acarreta em custos maiores. É preciso, por exemplo, ter uma área de relação com investidores, um conselho de administração e cumprir todas as exigências de divulgação de informações exigidas.
Outro problema que faz com que muitos fundadores evitem levar suas empresas para a Bolsa, é ter que se reportar a milhares de investidores — que muitas vezes podem ter interesses mais de curto prazo, prejudicando a estratégia de expansão da empresa.
É bem comum investidores exigirem resultados de curto prazo, que ajudem a ação a se valorizar, mas que podem potencialmente prejudicar o crescimento de longo prazo da companhia.
Confusões comuns
Uma das principais confusões relacionadas a esses conceitos é achar que, necessariamente, eles estão ligados ao tamanho das empresas.
Muita gente acha que empresas privadas são companhias menores e com pouca relevância no mercado, enquanto as empresas públicas são grandes e relevantes.
Ainda que muitas vezes isso realmente possa acontecer — já que para conseguir fazer um IPO as empresas precisam ter um tamanho e uma maturidade maiores — nem sempre essa premissa é verdadeira.
Há diversas empresas de capital privado gigantescas e extremamente relevantes nos mercados em que atuam. Alguns exemplos no Brasil são O Boticário, a rede de lanchonetes Bob’s, e a varejista Havan, que tentou fazer seu IPO recentemente.
Outra confusão muito comum é em relação às empresas públicas. Muita gente confunde esse termo, achando que ele se refere às empresas estatais (que têm seu capital controlado pelo Governo).
Obviamente, trata-se de duas coisas completamente diferentes — ainda que uma empresa estatal também possa ser pública (com suas ações listadas na Bolsa). É o caso da Petrobras, do Banco do Brasil e da Sabesp.