O ROE (return on equity) é uma métrica importante do desempenho financeiro de uma empresa.
Com o ROE, o investidor consegue analisar se a companhia está sendo eficiente no uso dos recursos aportados por seus acionistas.
Isso é possível porque o ROE é a divisão do lucro líquido gerado pela empresa por seu patrimônio líquido — que nada mais é do que os ativos que a companhia tem menos os seus passivos (as dívidas que ela tomou).
Com isso, é possível analisar o quanto de lucro a empresa está conseguindo gerar em relação ao patrimônio que ela construiu com os recursos de seus acionistas.
O ROE é expresso sempre como uma porcentagem e quanto maior ele for melhor a eficiência da empresa.
Como analisar o ROE
Para analisar o ROE, no entanto, o ideal é sempre olhar o número de forma comparativa — seja com outras empresas do mesmo setor ou mesmo com o ROE histórico de companhia que está analisando.
É possível, por exemplo, comparar o ROE do Banco do Brasil com o ROE do Itaú, Bradesco e Santander — já que todas são empresas do mesmo setor.
Olhando o retorno sobre o patrimônio líquido de todas elas, o investidor conseguirá ter uma visão extremamente clara de qual dessas empresas está sendo mais eficiente no uso de seus recursos.
Se o Itaú estiver com um ROE de 21% e o Banco do Brasil de 18%, por exemplo, é possível dizer com segurança que o Itaú tem feito um uso melhor dos recursos aportados por seus acionistas.
Patrimônio líquido
Antes de entrarmos na fórmula do ROE é preciso entender cada um dos conceitos que compõem a fórmula.
Vamos começar pelo patrimônio líquido.
O patrimônio líquido é um indicador que aparece no balanço patrimonial da empresa.
O balanço patrimonial é um documento divulgado trimestralmente pelas empresas de capital aberto que dá uma fotografia da situação do negócio naquele dado momento.
Para isso, ele mostra todos os ativos e passivos que a empresa tem. Os ativos são os bens e direitos que ela tem: como imóveis, veículos, estoque de produtos e valores que ela tem a receber de clientes.
Já os passivos são as dívidas e deveres. Em outras palavras: todos os empréstimos que ela tomou com bancos, por exemplo, e os valores que ela tem a pagar para fornecedores.
O patrimônio líquido da empresa nada mais é do que a subtração dos ativos pelos passivos.
Por isso, o patrimônio líquido é visto como os recursos aportados pelos acionistas — já que ao subtrair as dívidas sobra apenas o que veio com o dinheiro dos sócios.
Lucro líquido
Já o lucro líquido é a última linha da DRE (que explicamos aqui).
Ou seja, ele é o sobra de receita que a empresa fez em dado momento depois de subtrair todos os custos e despesas.
Para o cálculo do ROE o mais comum é usar o lucro líquido dos últimos 12 meses ou do último ano completo reportado.
Para achar o lucro líquido basta entrar na demonstração de resultados do exercício (DRE) da empresa e ir até a última linha.
Como calcular o ROE
Depois que já tem o lucro líquido e o patrimônio líquido da empresa, calcular o ROE não é nenhum desafio.
Basta dividir o primeiro pelo segundo.
Um ponto importante é que o ROE sempre tem que ser expresso em porcentagem. Portanto, ao fazer a conta converta o resultado para porcentagem.
Análise por setor
O ROE pode variar muito de setor para setor — com algumas indústrias tendo um retorno sobre o patrimônio líquido estruturalmente maiores do que outras.
No Brasil, por exemplo, o setor de bancos sempre foi conhecido por ter ROEs altíssimos, que muitas vezes superam os 20%.
Já o setor de infraestrutura normalmente tem ROEs menores, porque essas empresas têm muitos ativos e passivos, e lucros menores.
Por isso, a importância de sempre comparar empresas que sejam do mesmo setor. De outra forma, você estará comparando maçãs com laranjas.
Quando um ROE alto é um problema?
Intuitivamente o investidor deve imaginar que um ROE muito alto sempre é uma coisa boa.
Mas isso nem sempre é verdade.
Há algumas situações em que o ROE está excessivamente por fatores negativos — e não por uma eficiência da empresa.
Alto endividamento
A primeira dessas situações é quando a empresa tem um endividamento muito alto.
Como o patrimônio líquido é a subtração dos ativos pelos passivos, um endividamento muito alto reduzirá o patrimônio líquido — aumentando o ROE da empresa.
Em um primeiro momento e olhando apenas o ROE, um investidor pode achar que essa empresa é boa. Mas, na realidade, ela pode estar em uma situação bem complexa.
Prejuízos retidos
Outra situação que distorce o ROE artificialmente é quando a empresa passa muitos anos dando prejuízo.
Todos os anos, a empresa tem que registrar essas perdas no balanço, na linha de prejuízos retidos, o que diminui o valor do ativo.
Se de repente a empresa voltar a dar lucro, o ROE dela pode ficar muito alto, já que ela terá também um patrimônio líquido comprometido.